18 de setembro de 2012

Triatlo Olímpico de Aveiro e Meia do Porto

Aveiro recebeu este fim de semana a comitiva nacional e internacional do triatlo, tendo o programa sido preenchido pelas provas da Taça da Europa de Júniores (disputada na distância sprint 750m+20km+5km) e Campeonato Nacional Individual (disputada na distância olímpica 1500m+40km+10km) no sábado, e pela prova do CN de Clubes disputada no formato de estafetas no domingo.

Com as mais recentes medidas de austeridade anunciadas pelo governo, sobre as quais não me vou pronunciar aqui, uma coisa ficou certa, o meu raio de acção ficou muito mais limitado no que diz respeito à participação em provas de triatlo, por razões óbvias de carácter orçamental... Mas, Aveiro ainda fica abrangida por esta área e lá fui para participar na prova olímpica com o objectivo de acabar "bem" e fazer melhor do que no ano passado. Por esta altura tinha já decidido que iria fazer a Meia-Maratona do Porto na manhã seguinte, pelo que o objectivo do fim-de-semana estava traçado, fazer as duas provas (sábado à tarde e domingo de manhã) e ainda estar totalmente disponível no domingo após a "meia" para as minhas filhotas, o que implicava ficar com uma boa dose de energia ainda...

Menos 33% de atletas à partida
Mesmo tendo em conta que do programa faziam parte provas internacionais, estava com a sensação quando cheguei a Aveiro que havia menos pessoas (atletas e público) nas imediações do parque de transição. Os números não enganam: uma quebra de 33% na lista de inscritos para a prova do CN Individual em relação ao ano anterior.

Foto: Afonso Estêvão
Nº Inscritos        Ano
129                        2012
193                        2011
190                        2010

Não sei se por razões idênticas às que descrevi...

Água muito melhor!
Já muito se disse e se escreveu sobre a qualidade da água na ria de Aveiro. Invariavelmente, os comentários são sempre negativos. Invariavelmente também, desde a sua primeira edição, a federação volta a organizar a prova no mesmo local e acabamos por lá voltar sempre, com alguma reserva é certo, mas na esperança que seja apenas uma situação desagradável mas que não seja prejudicial à saúde. Bem, quem este ano decidiu não ir por receio da água... Arrependa-se! Pois, na verdade, não tenho nada a apontar. A visibilidade continua nula, o que acaba por ser normal. Quanto a maus cheiros ou objectos estranhos, nada. Por vezes, nos treinos de mar em Matosinhos sente-se a água pior do que aquela que encontrámos em Aveiro. O que quer que o município tenha feita, foi bem feito. Aveiro merecia há muito ter esta qualidade.

Foto: Afonso Estêvão
A minha prova
Na partida, a confusão do costume... Enquanto os atletas da frente iniciavam a um ritmo forte, na luta por uma boa posição à entrada do canal, deixei-me ficar um pouco para trás (facto que aconteceria inevitavelmente mesmo que não fosse propositado) e iniciar o segmento de natação com calma e ir aumentando o ritmo com o desenrolar da prova e em função de como me fosse sentindo. A partida acabou por correr bastante bem e sentia que estava a nadar a um bom ritmo nos primeiros 300m (a julgar pela velocidade com que a margem se "deslocava" no sentido contrário), tirando partido do menor arrasto, fruto das "bolhas" criadas pelo grupo que seguia na minha frente. A partir daí, como se de uma selecção natural das espécies se tratasse, aliás como sempre acontece nas competições, as posições de cada um foram ficando definidas e, embora sentisse outros atletas por perto, não houve toques. Excepção feita na bóia de retorno, onde voltou a haver algum aglomerado, mas tudo correu sem problemas. Estava a sentir-me bem, a nadar no meu ritmo e era só manter até ao fim. A cerca de 400m do final, um percalço... Levo um pancada na perna esquerda que me provocou uma cãibra nos gémeos. Algo terá corrido mal na minha alimentação, pois a pancada, por si só, não explica este efeito. Tentei aguentar-me a nadar sem bater a perna esquerda, ou a bater muito devagar e lá acabou por ir ao sítio. Apesar disso, saí da água com uma boa sensação e com o tempo de 33'59'', menos 1'10'' do que o tempo do ano passado e muito menos cansado.

Pernas para que te quero
A partir daí, só deu pernas! Primeiro na bicicleta, onde fui incapaz de alcançar alguém à minha frente, mas mantive o ritmo que estava à espera, 30km/h de média num percurso muito sinuoso de 6 voltas, cada uma com 4 subidas curtas acentuadas, 1 subida longa, 1 descida com vento desfavorável, 4 pontos de retorno e mais umas curvas apertadas. Creio que será um dos percursos mais difíceis do calendário nacional na distância olímpica. Quem diria, sendo Aveiro uma cidade reconhecidamente sem desnível e boa para andar de bicicleta...

Foto: Afonso Estêvão

Depois foi a corrida, onde me sinto mais à vontade e fui recuperando várias posições, com o tempo de 44'35'', correspondendo ao 62º melhor tempo (ou 67º pior tempo), cortando a meta na 96ª posição da geral com o tempo de 2h40'17'' (menos 17 minutos que em 2011 no meu primeiro olímpico). A mazela da natação ficou lá até ao fim, mas deu para aguentar.

Foto: Afonso Estêvão

No final, acabei bem como desejava e já a pensar nos 21,1km que iria correr na manhã seguinte...


Ultrapassar as barreiras da mente
Ao acordar na manhã seguinte, apercebi-me que afinal, apesar de ter terminado bem no dia anterior, o esforço tinha deixado marcas, em particular nos gémeos da perna esquerda. Aquilo que tinha sido apenas uma decisão espontânea em inscrever-me na prova, já se tinha tornado num grande objectivo. Tinha que provar a mim mesmo que seria capaz de correr a meia-maratona, partindo já cansado de uma prova no dia anterior. Desistir não era a opção. Afinal seria um bom treino para a Maratona em Outubro...

A verdade é que depois de um breve aquecimento, senti-me bem e fiz a prova toda de forma confortável, a desfrutar do momento e sem sofrimento, terminando com o tempo de 1h33'37'' (4'26''/km de média), a apenas 1 segundo do meu melhor tempo conseguido nesta prova no ano passado! Afinal, os limites físicos ainda estavam muito longe. Era a minha mente que me estava a colocar barreiras no caminho. Os gémeos choram, mas só pode ser de alegria...




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