Por vezes na véspera das provas, sobretudo as mais longas e que nos obrigaram a uma igualmente longa preparação, tendemos a exagerar na preocupação de ingerir hidratos de carbono, beber bebidas isotónicas, etc. O único conselho que dou é não mudar em nada os hábitos alimentares. Estes, obviamente devem ser saudáveis e adaptados à actividade física de cada um, mas isso deve acontecer sempre. Se for só na véspera, não terá efeito nenhum.
Na véspera da maratona do Porto de 2011, na obsessão de ingerir hidratos de carbono, descurei o facto que esse alimento pudesse já não estar nas melhores condições. A crónica que se segue, é um e-mail que enviei a um amigo após a maratona.
Até breve!
"On 08/11/2011, at 11:38, "Pedro Reis" <pedrorreis@hotmail.com> wrote:
(...)
Pois, como te disse, a manhã de domingo foi muito má. Até começar a correr, sentia-me muito bem, mas mal comecei a dar as primeiras passadas apareceram os enjoos. Tentei controlar a respiração para ver se passava, mas a verdade é que ficava cada vez mais mal disposto à medida que os minutos passavam. Até que à entrada da Av. Brasil abandonei o grupo e corri em direcção à praia... 10 minutos depois voltei à estrada e recomecei a correr, mas não me sentia melhor... Até que tive que fazer nova visita às rochas da praia dos Ingleses. 15 minutos depois estava de novo na estrada, na expectativa de poder retomar a corrida, mas foi sol de pouca dura... Voltei ao mar logo após a praia do Ourigo... Desta vez já com mais experiência no procedimento, vesti os calções e desatei a correr pela a areia fora e em tempo recorde estava de novo na estrada. Acelerei o ritmo para tentar recuperar o tempo perdido. Passei os 10km já com o tempo de 1h10. Ainda acreditava que podia chegar ao fim com menos de 4 horas. Nessa altura só pensava em beber água, mas sabia que só a voltaria a degustar aos 15km... Mas as cólicas voltaram e obrigaram-me a parar várias vezes para me baixar e suportar a dor. Agora já não tinha mar, mas sim rio... E o acesso era quase impossível se não quisesse irremediavelmente ficar por lá em convívio com as tainhas... Finalmente a água! Bebi um pouco... Logo a seguir a cólica mais forte que me fez disparar em direcção ao parque de estacionamento da alfândega, onde estacionei por longos minutos... Valeu-me a garrafinha de água para repor a higiene... Desta vez o regresso à estrada deu-se a passo, já completamente fraco e com a moral em baixa. O relógio marcava 1h54... Enquanto pensava no que ia fazer a seguir, uma voz perguntou-me -"Então pá, o que se passa?" - era o meu pai! Let's go home...
Cheguei à meta em tempo recorde, mas apenas para levantar o saco com a roupa e sem direito a brindes nem fotos...
Volto a tentar no próximo ano!
Grande abraço,
Pedro"